domingo, 5 de junho de 2011

Confiteor - Paulo Setúbal


Detalhe da Capa do Livro
 Paulo Setúbal é um escritor tatuiano. Membro da Academia Brasileira de Letras, seu primeiro livro publicado foi Alma Cabocla, seu único livro de poesias, a partir de então passou a escrever romances históricos como As Bandeiras de Fernão Dias, Nos Bastidores da História, Ensaios Históricos, A Marquesa de Santos, Eldorado, sempre tendo como inspiração os costumes e a história daqui da região. Seu último livro foi Confiteor e trata-se de uma obra inacabada, um livro de memórias onde o escritor conta sua própria história, suas dores e seus sofrimentos e a paz que acabou por encontrar em Deus.

O que me chama a atenção nessa obra é que o autor não vem exaltar suas conquistas, mas sim nos contar que, apesar de todo seu enriquecimento e seu sucesso profissional (ele era advogado e político) e literário, o ponto alto de sua vida foi seu encontro com Deus.

Obas de Paulo Setúbal
Falar que a cidade teve um escritor membro da Academia é uma daquelas informações que nós sempre gostamos de falar para quem é de fora, mas, a verdade é que, infelizmente, não sei se seus livros já foram lidos por muitos tatuianos.

Eu confesso que o único que li foi Confiteor, que veio parar em minhas mãos não sei como, um exemplar velho, capa desfazendo que eu tentei salvar com papel contacte (sei lá se é assim que se escreve)!

É verdade que esse descaso, pelo menos de minha parte, é, em grande, por conta da dificuldade de se encontrar suas obras que, pelo menos na época em que eu estudei, não estava disponível na biblioteca da escola. Percebida a falta, estou determinada a procurar suas obras na Biblioteca da Cidade, porque sinceramente, aco impossível não encontrá-las lá! Seria até contraditório, não é?!

Hoje em dia, no mês de julho, a Secretaria da Cultura realiza a Semana Paulo Setúbal e, dentre os eventos, um concurso cultural tendo como tema uma obra específica do autor que, nesse ano, será Confiteor. Uma ótima iniciativa para incentivar a leitura e o conhecimento da obra do autor tatuiano.

No ano passado li os contos premiados e fiquei feliz com a qualidade dos trabalhos!


Casa de Cultura Paulo Setúbal

Ontem, quando fui até o museu para tirar a foto da capa do livro para colocar aqui no blog, resolvi entrar.

Fachada da Casa de Cultura Paulo Setúbal
Durante a visita descobri que o prédio que hoje abriga o museu foi construído em 1920 para ser a sede do Fórum, Delegacia e Prisão da cidade. Engraçado que quando eu era criança minha mãe sempre me dizia que, quando ela era criança, na quarta-feira de cinzas todo mundo se reunia em frente à delegacia para ver as pessoas que tinham sido presas durante o carnaval serem soltas ainda usando suas fantasias. Eu confesso que eu não acreditava muito que o local tinha funcionado como prisão, mas o guia do museu confirmou a história.


Em 1970 o então Secretário da Cultura Municipal, Sr. Nilzo Vani resolveu transformar o prédio em museu, e assim foi feito.

Nilzo Vani
E, como eu sou Apaixonada por História (é... tenho muitas paixões), desde que minha mãe me deixou andar sozinha pela cidade, eu passei a frequentar o museu. Eu ia lá toda a semana e, como eu adoro fazer até hoje quando me deparo com um objeto ou uma construção antiga, ficava olhando um vestido de criança que estava exposto, devia ser lá do ano 1800 “e bolinha”... era rosa, de cetim... nossa eu ficava horas na frente desse vestidinho... imaginando quem teria usado, em que ocasião, como era a menina e o que teria acontecido com ela...

Depois de algum tempo o museu passou por uma “arrumação” e ganhou uma sala sobre a participação da cidade nas Guerras Mundiais e na Revolução de 32. Muito legal, cheia de cantis de água, latinhas de comida, equipamentos, fardas... de novo aquela sensação de olhar um objeto que esteve lá na guerra de verdade e ficar viajando...

Nessa época, estava exposta uma carta que um pracinha tatuiano havia mandado por sua mãe... ele contava que estava na trincheira, lá na Itália, quando de repente viu a neve chegar... emocionante ler que, mesmo em meio à guerra, alguém conseguiu se surpreender por ver, pela primeira vez na vida, a neve. Eu ia vezes e vezes no museu só para reler a carta...

No ano passado, o museu passou por uma mega reforma. Ficou meses fechado. E, logo que reabriu, claro que eu corri para visitar e que surpresa boa. Hoje em dia eu já não tenho tempo para ficar horas no museu ou par visitas semanais, então essa foi minha segunda visita desde a reabertura. O lugar está muito legal!

Subindo a escada, no primeiro andar você vai encontrar uma sala contando sobre a origem da cidade. A sala mescla objetos antigos, telas com informações e um jogo interativo onde você vai ajudar os tropeiros a chegar ao seu destino.

Mapa da cidade feito com produtos típicos

Sala dos tropeiros
No chão, os trilhos de trem te levam para conhecer a história da prosperidade e do crescimento da cidade a partir das tecelagens. Na sala seguinte, objetos históricos e fotos antigas da cidade.


Em seguida você entra em uma sala que fala sobre a tradição musical da cidade. Para quem não sabe, Tatuí tem o maior conservatório musical da América Latina (outra informação que nós adoramos contar)... então, literalmente, a gente respira música por aqui... tem música por todo lado... e não podia faltar no museu!!!

Para conhecer o som dos diferentes instrumentos musicais


O tataravô do Ipod!
Outra vez, um misto de objetos antigos e ferramentas multimídia. Você pode colocar os fones de ouvido e conhecer o som dos instrumentos e, em uma pequena sala de projeção você conhece mais sobre o Cururu.

O primeiro andar termina com uma sala para exposições temporárias. Atualmente estão expostos os trabalhos do artista plástico carioca Getúlio Damado.

Exposição Temporária - Getúlio Damado

No térreo você vai encontrar uma sala sobre Paulo Setúbal onde está exposto seu fardão da Academia Brasileira de Letras, alguns objetos pessoais do escritor e a primeira edição de seu livro Alma Cabocla.



Bela Poesia
Ao lado, uma biblioteca com obras antigas que você pode consultar, mas a consulta é guiada e você tem que usar luvas de plástico e outros apetrechos para manipulação de documentos históricos (gente, isso é demais, não é?!). Em frente, outra sala de projeções contando mais da história da cidade.





Por fim você desce ao “subsolo” (não é exatamente subsolo porque ele dá no nível da rua, mas beleza... isso não vem ao caso), ondem eram as celas na época em que o prédio era prisão. As grades das celas são originais e são as únicas coisas que remetem a esse passado, porque o lugar está lindo! A primeira sala conta sobre a participação da cidade nas Guerras e na Revolução e em seguida uma última sala com objetos históricos diversos.

Participação das Guerras e na Revolução de 1932


As antigas celas, e as grades originais
Para fechar a visita, uma lojinha de suvenir!!

Olha, fiquei realmente feliz em ver a qualidade do local.

Começando pela simpatia dos monitores que me atenderam super bem. No primeiro andar a monitora não me atendeu porque ela estava acompanhando um grupo e escoteiros, mas eu percebi a atenção que ela dava para as crianças explicando tudo. No térreo eu fui acompanhada pelo monitor Guilherme e no “subsolo” pela Tais. Todos os três, além da simpatia e educação ao realizar o acompanhamento, sabiam do que estavam falando, passavam as informações não como se tivessem decorado, mas porque realmente conheciam. A Tais até comentou sobre o livro que estava na minha mão. Muito bons!

Outro coisa legal é a união entre história e tecnologia. A gente vai no museu pra ver coisa velha, não é? Por isso não sou muito fã de museus que só tem informação em multimídia (caso do Museu da Língua Portuguesa), mas no museu aqui a união dos dois está prefeita. História e Tecnologia! Ótimo!

Outra coisa que reparei foi a questão da acessibilidade, apesar de serem três pavimentos, cadeirantes conseguem se locomover com total facilidade no local e contam com um elevador com tamanho especial para irem de um andar a outro.

Então, só pontos positivos a ressaltar.

A única coisa que me deu uma pontinha de tristeza foi que nem o vestidinho rosa, nem a carta do pracinha estão expostas! Onde será que foram guardadas??

Então, se você é da city ou está por aqui, dá uma passadinha lá que vale a pena a visita!!!

Beijos, bom domingo e ótima semana que se inicia!!
Fefa Rodrigues



Fachada




5 comentários:

maria augusta disse...

Fernanda lhe agradeço pelos elogios e tambem pela visita, ficou muito legal a sua historia e o seu Blog. Nos do Museu ficamos felizes pelo seu carinho e atenção especial, ficamos honrados pelos seus comentarios.
Volte sempre e divulgue...Beijos e um Forte Abraço....Maria Augusta e familia do Museu agradece.

Fefa Rodrigues disse...

Vcs merecem! O trabalho no Museu está impecável!!!

Orgulho por ter algo desse nível na minha cidade!!!

Robson Araújo disse...

É muito interessante saber do passado, a historia do lugar onde crescemos, Minha família sempre foi daqui, devido a fabrica são Martinho, meu avô era químico industrial lá. Participou da revolução de 32, e foi um dos fundadores do clube de campo daqui, do Teatro da cidade, e teve participações em quase tudo que era de âmbito cultural da cidade, gosto muito de ver essas historias e fatos da nossa cidade, muito bom seu artigo sobre o museu. e desculpa a invasão.rs.

equipe de postagem disse...

Muito afetiva, digna da cidade-ternura, sua exposição sobre este maravilhoso autor, Paulo Setúbal, e o lindo e bem cuidado Museu. Tomei a liberdade de indicar seu blog no site "grandes vídeos grandes obras", de Dolácio Flores.
www.grandesvideosgrandesobras.blogspot.com.br
Parabéns pela matéria e continue escrevendo sempre...

Silvia Alves disse...

Muito agradecida por nos descrever o museu. Que ternura ao falar do vestidinho! E da carta do pracinha... Estive lendo a respeito dos Expedionários (livro do William Waack e um outro) alem de ter aprendido a linda canção do Expedicionàrio.

Confiteor é um dos mais belos livros da literatura brasileira.

Fiz uma visita pela imaginação, guiada pelo seu texto ao museu! Mais uma vez, obrigada.