quinta-feira, 14 de julho de 2011

Centro de Educação Bilíngue Rebeca

A Mirian e o Márcio são dois amigos que conheço há uns quatro ou cinco anos, e são daquelas pessoas que entram na vida da gente e passam a fazer parte dela. Eles tem uma filha, a Rebeca, hoje com 11 anos, e uma das garotas mais fashion que eu conheço. A Rebeca é surda desde que nasceu.

Já faz um tempo o Márcio, pai da Rebeca, criou - e eu tive a honra de dar uma mãozinha - a Ong Vida em Ação, para organizar melhor o trabalho social que eles realizavam no bairro Jardim Europa, a comunidade mais carente da cidade.

Eu conheci o lugar antes das famílias serem removidas para casas de verdade construídas pelo PAC, programa do Governo Federal, e, nunca como naquele dia, eu me senti mais grata pela minha casa, meu trabalho, minha vida.

Mas, além do trabalho social que realizavam, a Mirian e o Márcio tinham uma preocupação, a socialização da Rebeca. Sem qualquer lugar que a ensinasse a linguagem de sinais ou onde ela pudesse ter uma formação educacional, a Rebeca crescia cada vez mais separada das outras crianças. Eu me lembro que a Mirian e o Márcio se revezavam para ir aos cultos na igreja, para que um deles ficasse em casa com a Rebeca.

Um dia a Mirian entendeu que as cosias não poderiam ficar daquele jeito e começou a fazer o curso de libras para poder ensinar a Rebeca e para poder se comunicar melhor com sua filha. Depois de algum tempo a Mirian começou a ensinar algumas crianças na igreja e criança é demais, não demorou para que a gente começasse a ver outras meninas se comunicando com a Rebeca. Hoje o casal pode ir junto aos cultos porque a Rebeca não precisa mais ficar separada das outras crianças, elas já se entendem!

Acontece que a Mirian não se limitou a ajudar sua filha. Através da Ong do marido ela criou o Centro de Educação Bilíngue Rebeca. No começo ela atendia os surdos em uma garagem, hoje já conta com um local – a casa que eles tinham recebido da mãe dela e que eles decidiram usar exclusivamente para transformar no centro de educação – com um pouco mais de estrutura, ainda não é o ideal e seus sonhos são muito maiores do que tudo que ela já alcançou, mas não é tão fácil encontrar colaboradores.

Hoje nós estávamos conversado e ela me contou um pouco mais das razões que a levaram a dedicar tanto esforço para a criação do Centro de Educação. Ela me disse que a idéia nasceu pela falta de um lugar onde a Rebeca pudesse se socializar, onde ela pudesse ter a chance de se desenvolver culturalmente e até mesmo se preparar para uma formação acadêmica. Infelizmente ela não encontrou nenhuma instituição que aceitasse a Rebeca ou que oferecesse essa formação mais completa, esse desenvolvimento intelectual e cultural, pois na APAE não existe essa formação. Foi então que ela decidiu criar o centro de educação a partir dessa visão de formação completa e de preparo para a profissionalização.

Ela começou com 1 aluno e hoje atende cerca de 20 surdos de 10 a 65 anos através das salas Alfa 1  para a alfabetização para aqueles que não tem qualquer conhecimento, Alfa 2 para alfabetização daqueles que tem um pouco mais de conhecimento das palavras e o Poli que desenvolve outras disciplinas como inglês, artes, teatro, computação. Todas as turmas participam, também, de outras atividades como reforço escolar - quando matriculados na rede normal - e passeios culturais, sempre visando a evolução cultuar dos surdos de forma bilingue, ou seja, a primeira língua é Libras e a segunda é o Português.

Como todo trabalho social, o Centro de Educação precisa de voluntários. A Mirian sonha em contar com, pelo menos, um profissional da área de psicologia, um fisioterapeuta, um fonoaudiólogo e outros profissionais que se disponham a eventualmente realizar alguma atividade com os surdos, ajudando em sua socialização e no desenvolvimento de sua cultura geral.

Hoje a Mirian conta com uma amiga-irmã, a Karyttas que é o seu braço direito no Centro de Educação. A Karyttas me contou que começou a aprender libras depois que, durante uma atividade de evangelismo, ela conheceu um jovem surdo com quem não conseguiu se comunicar. Ela se sentiu tão mal por aquilo que no dia seguinte entrou em contato com Mirian para fazer o curso de Libras. Logo ela se tornou voluntária no Centro e após 4 meses de convivência com outros surdos ela é fluente na língua.

Além de atender aos surdos, o Centro também oferece curso de Libras para não surdos pela mensalidade de R$ 50,00 (cinquenta reais), é uma forma de arrecadar verba para se manter e de fomentar o conhecimento de libras, com isso garantindo a inclusão dos surdos.

A Mirian, que é professora de educação fundamental, está fazendo pós-graduação em Libras e pretende fazer mestrado. Infelizmente ela ainda não encontrou uma instituição que atenda às necessidades da Rebeca que apesar de ter 11 anos não está frequentando nenhuma escola de ensino regular e está aguardando uma vaga no DAP da Prefeitura Municipal.

Eu tenho dado uma mínima ajuda à elas, uma “assessoria jurídica”, é uma gotinha no oceano, mas é minha colaboração para que a luta da Mirian e da Karyttas fique um pouquinho mais leve e para que a vida dos surdos que elas atendem seja melhor.

Essa é a Rebeca!
<>
Mirian recebendo o computador doado pelo Rotaracty Club
Karytta

Fachada do Centro de Educação















Então, se você é de Tatuí, das proximidades ou mesmo de bem longe, e quer colaborar, ser um voluntário ou até dar uma ajuda financeira, conheça o Centro de Educação Bilíngue Rebeca na Rua Cel. Bento Pires, bem no fim da rua, ou acesse o blog.

Ah, e se você tiver um tempinho, compartilhe este post pelo twiter ou facebook... é só clicar na letrinha correspondente ai embaixo... quem sabe agente encontra outros colaboradores, não é!!!

Abraços
Fefa Rodrigues

6 comentários:

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Parabéns Fefa! Amei esse post, e dê os parabéns para os seus amigos também. A Rebeca é linda! Dá um beijo nela por mim. E uma curiosidade: aqui em Sampa, Jd. Europa é bairro muuuuito chique!

Beijos!

Fefa Rodrigues disse...

Páis de contrastes, não é!!!

Fefa Rodrigues disse...

ops... país

LuRussa disse...

adoro essa família !!!!

Fefa Rodrigues disse...

:o)

ireniish disse...

oi fe li o post que fez achei muito bonito a iniciativa e concerteza iram conseguir mais ajuda e colaboração
um abração