sexta-feira, 13 de maio de 2011

Clássico: Os Miseráveis


Os Miseráveis – Victor Hugo

Eu me apaixonei por livros quando tinha cerca de 12 anos. Minha vizinha, uma professora de português chamada Hilmalina, tinha uma estante cheia de livros e lá eu encontrei a Coleção Vaga Lume.

Meu primeiro livro foi O Outro Lado da Ilha e, desde então, começando por toda aquela coleção, não parei mais de ler.


Na 8º série fui estudar em um colégio particular, e naquele ano descobri muito da literatura brasileira. Fernão Capelo Gaivota, Mar Morto, Capitães da Areia, O Cortiço... Vasculhei a Biblioteca Municipal e o único sebo da cidade, e li quase tudo de José de Alencar, Machado de Assis, Jorge Amado, José Lins do Rego... e, então, acabou.

Já tinha praticamente esgotado a literatura brasileira, digamos, mais tradicional, e queria ir além, queria ler os clássicos que eu conhecia apenas de nome, mas não tinha acesso. A Biblioteca Municipal era (e ainda é) limitada, a cidade não tinha uma livraria, a Internet ainda não exista da forma que existe hoje... até que um amigo, que trabalhava no sebo, me apresentou a Júlio Verne, e lá fui eu ler toda sua obra. Foi o primeiro escritor estrangeiro que eu li.

A partir daí aproveitei as datas especiais para pedir livros de presente. O Homem que matou Getúlio Vargas foi o primeiro livro que eu ganhei, novinho em folha, no natal de 1998. Pela primeira vez eu lia um livro que não tinha vindo do sebo ou da Biblioteca Pública, aquele era meu, o primeiro da minha tão sonhada biblioteca!




Tatuí, 24 de dezembro de 1998
Mas eu queria mesmo era ler o que eu imaginava ser o maior de todos os romances, eu queria ler Os Miseráveis. Impossível. Não conhecia ninguém que já tivesse tido um exemplar dele nas mãos e o mais próximo que eu já tinha chegado tinha sido uma versão infanto-juvenil de 100 páginas. Os Miseráveis era para mim quase uma lenda, eu sabia que ele existia, mas nunca tinha visto um ao vivo.

Depois de algum tempo uma certa editora lançou nas bancas uma coleção com vários clássicos da literatura. Cada um custava a bagatela de R$ 11,90, mas era uma época em que eu não tinha grana. Estava no 1º ano da faculdade e tinha que juntar as moedas para o xérox. Mas, como mãe sempre dá um jeito, da lista com cerca de 30 títulos, um deles do Vitor Hugo, minha mãe me deixou escolher 5. Não era Os Miseráveis, era Os Trabalhadores do Mar, mas assim que eu li tive a certeza de que ninguém nesse mundo escreve, escreveu ou escreveria melhor que esse francês.

Se Os Trabalhadores do Mar era tudo aquilo, ficava pensando o que seria Os Miseráveis.




Bem, isso foi lá pelo ano de 2001 e eu só consegui ler Os Miseráveis em 2006. O Davi me ligou dizendo que tinha uma surpresa para mim e a surpresa era o livro que eu tanto queria ler. O volume I, capa dura, de um azul já desbotado, folhas amareladas que soltavam pó quando folheadas, na primeira página o nome da sua ex-dona, a senhora que havia doado sua biblioteca para a faculdade, e a data em que tinha comprado o livro - 03 de setembro de 1936. 

Cosset - Emile Bayard (1837-1891)

Não vou fazer resumo ou entrar em detalhes da história, apenas vou reafirmar que vale muito mesmo ler, um livro para marcar a vida! Na minha opinião a maior obra literária da humanidade!


Fefa Rodrigues

2 comentários:

Anônimo disse...

Fefa, estou extremamente animada com as páginas amarelas e provavelmente cheirando a pó,de um livro que já tinha nascido simplesmente antes de 1936!!!

Fefa Rodrigues disse...

Seja cheirando a pó ou novinho em folha esse livro é sensacional!!!