Como eu comentei aqui, houve uma época da minha vida em que eu devorei toda literatura brasileira que encontrei pela frente, pois eu tinha me apaixonado por livros e só tinha acesso às obras disponíveis na biblioteca municipal ou no único sebo da cidade. Como nesses lugares quase que só havia literatura brasileira e eu não tinha qualquer acesso aos autores estrangeiros, não sobrou muita coisa sem que eu tenha lido.
Mas, hoje em dia, eu acabo comprando quase que exclusivamente literatura estrangeira, os únicos livros brasileiros que eu compro, por razões óbvias, são os de direito. Por isso, de todos esses livros que enchem minhas parcas prateleiras, apenas cinco são de autores brasileiros. São eles, Seara Vermelha e Mar Morto, do Jorge Amado, Senhora do José de Alencar (meu livro brasileiro favorito) e Assassinato na Academia Brasileira de Letras e O Homem que Matou Getúlio Varas, os dois do Jô Soares, e é desse último que eu quero falar um pouco hoje.
Como também já contei aqui esse foi o primeiro livro que eu ganhei, foi um presente da minha mãe no Natal de 1998 e me lembro como se fosse hoje da gente indo buscar o livro na Papelaria Colmeia, única livraria da cidade na época.
A obra é divertidíssima e conta as aventuras de Dimitri Borja Korozek, filho de Isabel, uma atriz circense brasileira, e de Ivan Korzek, um sérvio por quem ela se apaixona e com quem ela se casa durante uma turnê pelos Balcãs.
Dimitri nasce na Bósnia, e sob a influência anarquista de seu pai, o menino de belos cabelos cacheados e olhos verdes, desde criança participa das reuniões do partido e acaba por entregar sua vida à causa, formando-se em uma tradicional escola secreta de assassinos.
Agora, preparado para defender a causa anarquista, mesmo que seja derramando sangue, e considerado marcado pelo destino para isso, pois nasceu com seis dedos em cada mão o que só poderia representar um sinal de sua especial condição, de seu dom, ele parece o homem certo para as mais temidas missões, porém, sofre de um mal crônico: ele é completamente desastrado.
A história é muito divertida e o Jô consegue colocar Dimitri em todos os grandes momentos da história, desde a morte do Duque Francisco Ferdinando, que levou a eclosão da primeira Guerra Mundial, passando por aventuras com a famosa espiã Mata Hari, pelo episódio dos taxis que levaram os soldados franceses até a frente de batalha, com direito a uma participação especial na disseminação do vírus da gripe espanhola pelo mundo, e ainda, trabalhando como capanga de Al Capone, quase pondo fim a filmagem do clássico Bem Hur, até chegar ao Brasil nos tempos do governo de Getúlio Vargas, quando ele compreende que a missão de sua vida é acabar com o governo autoritário que dominava a terra natal de sua mãe.
Dimitri então se infiltra no grupo de segurança pessoal do presidente Getúlio Vargas e se mantém a espreita esperando o momento certo de por seus planos em ação, e tudo indica que esse momento está chegando, mas será que enfim ele irá cumprir o seu fabuloso destino?
Dimitri é assim, o homem errado no lugar certo, e que sempre quase consegue cumprir seu destino de assassino profissional, mas o azar está sempre ao seu lado para atrapalhar. O livro é uma comédia, e o Jô uniu com perfeição os eventos históricos numa linha traçada a partir da biografia fictícia desse assassino. Muito bom, vale a pena ler.
Um detalhe que torna o livro ainda mais cômico, são as ilustrações que recheiam suas páginas, com o Dimitri sempre meio escondido nas fotos (Até lembra os desenhos do Tom e Jerry que nunca mostra o rostod as pessoas e a gente fica só na curiosidade!). Vou reproduzir algumas das imagens abaixo, como são fotografias, não ficaram muito boas, mas dá pra ter uma idéia.
Aqui, o Jô encontra Dimitri num cantinho da famosa obra Guernica |
Segundo Jô, esse seria um retrato de Dimitri rabiscado por Picasso em um guardanapo de papel |
Um relance das mãos de Dimitri |
Mais uma vez a gente quase vê Dimitri numa foto tirada em um momento histórico |
Aqui, Dimitri não saiu na foto porque tinha ido ao banheiro nesse exato momento |
Aqui a minha preferida, uma foto de Dimitri e Mata Hari, tirada por um anão, por isso só aparecem as pernas dos dois!! |
Detalhe ao fundo, uma mão com seis dedos! |
Como já é um livo bem antigo, não sei se á fácil encontrar para comprar, mas se você tiver oportunidade, leia, ainda mais se você, como eu, é um Apaixonado por História!!
Realmente um livro muito bom e muito divertido que eu já li duas vezes!!!
Fica aí a dica de hoje, beijos...
Fefa
Um comentário:
putz...esse livro de fato é engraçado..me lembro até hj do bendito anao desastradíssimo..ehhehee...gostei bastante dessa obra...
um abraco feer
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