domingo, 22 de maio de 2011

A Busca do Graal - Bernard Cornwell

O Santo Graal parece ser um tema inesgotável, o interesse pelo assunto ressurge de tempos em tempos e ninguém melhor que Bernard Cornwell para nos contar mais uma história envolvendo a relíquia mais procurada da história da cristandade e ele faz isso na trilogia A Busca do Graal.


“Para cada inglês morto, a indulgencia será mil dias a menos no purgatório .”

Ambienta na Guerra dos Cem Anos, disputa que envolveu a Inglaterra e França, a busca pelo Graal é contada a partir da história de Thomas, um arqueiro inglês que mesmo contra a sua vontade tem sua vida ligada ao famoso cálice que Cristo teria usado em sua última ceia e que depois recolhido seu sangue durante a crucificação, o que o tornara um objeto muito poderoso, pois seria a ligação entre os homens e Deus, portanto, quando encontrado seria capaz de trazer a paz e a felicidade para o mundo.
“O tesouro de Hookton foi roubado na manhã do domingo da Páscoa de 1342.” 


Assim começa O Arqueiro, primeiro volume da trilogia. Thomas de Hookton, filho bastardo do padre da cidade, é o personagem principal da saga. Por decisão do pai, Thomas vai, a contra gosto, estudar em Oxford, mas sua verdadeira vocação é segurar um arco, por isso, continua treinando escondido e se torna um habilidoso arqueiro, até que, na manhã da Pascoa de 1342, ele vê sua aldeia ser dizimada por um pequeno exército vindo da França e liderado pelo sinistro Alerquim que, além de destruir o vilarejo e matar os pais de Thomas, rouba a única relíquia que a igreja do local possuía, uma velha lança que, segundo o Padre Half tinha sido a lança usada por São Jorge para matar o dragão (diga-se de passagem, São Jorge tem preocupações mais importantes do que o Corinthians, afinal ele é padroeiro da Inglaterra).

Thomas, que após anos de treino dominara completamente a arte de manejar um arco de teixo, e como um dos únicos habitantes de Hookton a escapar com vida, decide abandonar Oxford e juntar-se ao exército inglês que está em campanha na França. O arqueiro vai em busca de vingança contra aquele francês que destruiu sua família, sem saber que o Alerquim também está em seu encalço e em busca da maior relíquia da cristandade.

Uma coisa interessante que aprendi nesse livro foi que a Inglaterra foi superior à França e aos demais inimigos durante a Guerra dos cem Anos graças a seus arqueiros. Não havia exército capaz de vencer uma parede de arqueiros ingleses, e os poucos cavaleiros que conseguiam escapar das flechas eram destruídos pela cavalaria, além disso os outros exércitos nunca conseguiram dominar a arte de usar um arco.

“Era outubro, a época da morte do ano, quando o gado era abatido antes do inverno e quando os ventos do norte traziam uma promessa de gelo.” (início de O Andarilho)


No segundo volume, O Andarilho, Thomas é obrigado, a pedido do próprio rei e de seu senhor, a se separar do exército inglês e viajar a pé até a Escócia seguindo o rastro do Santo Graal. Nessa busca por respostas o arqueiro, que agora disfarçou-se de padre andarilho, descobre suas origens, o que sempre fora um segredo guardado por seu pai.

Thomas descobre que é um descente da família Vexille, os antigos senhores de Astarac, família poderosa e que havia sido por muitos séculos a guardiã do Santo Graal até que converteu-se à heresia cátara e acabou totalmente dizimada pela Inquisição. A igreja confiscou todos os seus bens, mas o Graal não foi encontrado.

Além dos inimigos que surgem pelo caminho e que Thomas tem que enfrentar para proteger sua vida e a vida das pessoas que ele ama, o Alerquim se aproxima cada vez mais do arqueiro que, ao voltar às ruínas de sua antiga aldeia, recebe das mãos de um velho amigo de seu pai um livro com centenas de anotações confusas sobre o Graal escritas em latim e hebraico. Thomas acredita que seu pai estava louco e que o Graal era uma mentira, mas tantos seus amigos, quanto seus inimigos e seu próprio senhor acreditam na existência da relíquia e no poder e riqueza que ela pode trazer àquele que a encontrar. Thomas não tem escolha a não ser continuar a busca que vai lhe trazer muito sofrimento nas mãos dos dominicanos.

“A estrada vinha das montanhas ao sul e atravessava os pântanos à beira-mar. Era uma Estrada péssima”. (início de O Herege)


No terceiro e último volume, O Herege, uma frágil paz é firmada entre Inglaterra e França, após as sucessivas derrotas dos franceses. Thomas aproveita os tempos de paz e segue com um pequeno exército para para a Gasconha, com a desculpa de retomar uma fortaleza que já havia pertencido ao  seu senhor e que estava em mãos inimigas. A fortaleza fica próxima às antigas terras de Astarac, e sua verdadeira missão é continuar na pista do Graal e atrair para uma emboscada seu primo Guy Vexille, o Alerquim, já que agora ele tem ainda mais motivos para se vingar do assassino de seu pai.

Thomas tem sucesso em tomar a fortaleza, mas lá ele conhece uma jovem condenada pela Inquisição à fogueira por ser uma beguina, imediatamente uma ligação nasce entre essas duas vítimas dos dominicanos. Thomas livra a garota da morte, mas isso acaba fazendo com que ele perca o poder junto aos seus homens e quando um séquito de padres chega às portas da fortaleza e anuncia sua excomunhão, o arqueiro é forçado a fugir de seus próprios companheiros... a essa altura, há outro inimigo se aproxima, um inimigo invisível, a Peste Negra...

Com um final surpreendente apesar de ser um assunto sobre o qual muito já se escreveu, essa é mais uma obra empolgante de Bernard Cornwell, com precisão histórica e reconstrução do cotidiano e costumes da idade média, uma saga sensacional!!

É incrível a capacidade que esse escritor tem de criar personagens apaixonantes, heróis que tem seus defeitos mas que acima de tudo têm honra! Sensacional! Thomas de Hookton é espetacular!

Outra coisa que eu gosto muito nos livros do Cornwell são as notas históricas que ele lança no fim de cada livro apontando o que é fato e o que é ficção, sempre dando uma aula de história! Ótima leitura!

Beijos
Fefa Rodrigues

4 comentários:

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Fefa!

Este também é muito bomk (apesar que em se tratando de Bernard Cornwell, isso é redundante). Eu ainda não comentei porque faz tempo que li, tenho que reler para fazer a resenha:)
Quanto ao Sharpe, tem uma série inglesa baseada nos livros, com ninguém menos que Sean Bean (o Boromir de O senhor dos Anéis)como Sharpe. Estou louca para assistir, mas não tenho paciência de baixar. Fico esperando sair em vídeo (aconteceu com Os pilares da Terra, então, quem sabe?)

Beijos!

Fernanda

Fefa Rodrigues disse...

Eu já tenteim parar de escrever "muito bom" toda vez que escrevo Bernard Cornwell...mas não consigo, ele é relamente muito bom" heeheh

moretti disse...

eu acho que mereco a trilogia de aniversario...cof cof..hehehe

Fefa Rodrigues disse...

Emprestado, Mà???

brincadeira hehehe vc merece muito mais!!;o)