terça-feira, 27 de setembro de 2011

A Festa do Bode – Mario Vargas Llosa

Um livro surpreendente! Leitura indicada na aula de ciências políticas do meu primeiro ano de faculdade – o mesmo professor que me apresentou ao Gabriel Garcia Márquez. Não conhecia o autor até então e adorei essa obra que trata de uma fase sombria da República Dominicana, o fim da ditadura Trujilo no país. Interessante como até então eu sequer tinha me dado conta da existência daquele país e, após a leitura deste livro, passei a sonhar em visitá-lo um dia.

Detalhe da Capa - Fonte: Google
A história é escrita de uma forma diferente e começa quando Urânia, uma dominicana advogada de sucesso que vive nos Estados Unidos regressa ao país para visitar seu pai que está à beira da morte. A princípio a gente não entende o ódio e o rancor que a mulher nutre por seu pai, mas a história vai se desenrolando a partir das lembranças de sua infância entrecortadas com o relato da conspiração armada para derrubar o ditador.

O livro é mais um relato das atrocidades cometidas por um governo ditador na América que, sem limites para sua crueldade, manteve o poder por meio da força e do medo imposto aos cidadãos, enquanto uma corja elite vivia a seu redor desfrutando de uma vida de luxo, pela qual pagavam qualquer preço, ainda que fosse aquilo que mais amavam.

O livro mostra um pouco da vida do ditador e também de seus filhos que não foram muito diferentes do que lemos e ouvimos, por exemplo, dos filhos da Saddam Hussein, que tinham o país em suas mãos para fazer qualquer coisa que entendessem.

Após a queda do ditador, uma fase de terror se instala no país com uma caça aos culpados e ainda mais violência. Uma cena terrível, em que um pai é forçado a comer a carne de seu próprio filho nunca deixou minha lembraça... o mais triste, é que esta é a parte do livro baseada em fatos reais.

Por fim, a história de Urânia se entrelaça com a de Trujillo de uma forma inesperada e, sem saber, ela foi uma ajuda para os planos e conspirações para derrubar o ditador, mas sua vida estava destruída para sempre.

Lembro-me que meu professor disse que a história fictícia de Urânia podia ser considerada como uma alegoria do que Trujillo fez com a República Dominicana... uma visão interessante das coisas.

Vale a pena ler, especialmente para conhecer um pouco mais sobre essa fase tão sombria da América Latina. Um livro instigante que eu já indiquei para meus amigos que vivem envolvidos com política!

Já comentei aqui sobre o livro Pantaleon e as Visitadoras do mesmo autor, outro estilo, mas divertidíssimo.

Beijos e boa leitura.
Fefa Rodrigues

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