terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Já que comecei...

Já que comecei falando de poesia hoje - que é outra das minhas paixões - vou continuar falando!!

Descobri Cora Coralina quando estava ouvindo uma pregação e o pastor começou o sermão com uma frase dela. Como já disse antes, quando descubro algum escritor novo de quem eu gosto, começo a pesquisar tudo sobre o tal autor, e assim foi com a Cora depois do tal sermão. Me apaixonei por suas palavras.

É tão triste que a grande maioria das pesssoas não a conheça. Queria que as palavras dela a serem traduzidas para dezenas de línguas e não as palavras sem sentido do Paulo Coelho...

Se você ainda não conhece, vou postar um dos poemas dela que eu gosto muito!!



Poeminha Amoroso

Este é um poema de amor
tão meigo, tão terno, tão teu...
É uma oferenda aos teus momentos
de luta e de brisa e de céu...

E eu,
quero te servir a poesia
numa concha azul do mar
ou numa cesta de flores do campo.
Talvez tu possas entender o meu amor.

Mas se isso não acontecer,
não importa.
Já está declarado e estampado
nas linhas e entrelinhas
deste pequeno poema,
o verso;
o tão famoso e inesperado verso que
te deixará pasmo, surpreso, perplexo...
eu te amo, perdoa-me, eu te amo...
                                                 

                                                                                                   - Cora Coralina -

Para ilustrar...
O texto eu peguei no Releituras e a imagem no We Heart It.


Beijos...
Fefa Rodrigues

8 comentários:

Anônimo disse...

Olá Fefa!!
Nem me fala a Cora era um docinho...
Sua infância foi um pouco "severa" digamos assim. Espero o ser humano encontrar um meio termo na educação dos filhos. Hoje, as crianças muuuuiiito a vontade.
Felicidade minha assistir na tv um documentário sobre a vida dela, com trechos de entrevistas com ela, muito completo. Em sua casa de infância.(A casa Velha da Ponte)
Emocionei-me com sua maneira de ser e pelo que ela passou.
Orquidea

Anônimo disse...

Ah o poema que ilustra bem sua infância:"Antiguidades" (maravilhoso)
Quando eu era menina
bem pequena,
em nossa casa,
certos dias da semana
se fazia um bolo,
assado na panela
com um testo de borralho em cima.

Era um bolo econômico,
como tudo, antigamente.
Pesado, grosso, pastoso.
(Por sinal que muito ruim.)

Eu era menina em crescimento.
Gulosa,
abria os olhos para aquele bolo
que me parecia tão bom
e tão gostoso.

A gente mandona lá de casa
cortava aquele bolo
com importância.
Com atenção. Seriamente.
Eu presente.
Com vontade de comer o bolo todo.

Era só olhos e boca e desejo
daquele bolo inteiro.
Minha irmã mais velha
governava. Regrava.
Me dava uma fatia,
tão fina, tão delgada...
E fatias iguais às outras manas.
E que ninguém pedisse mais !
E o bolo inteiro,
quase intangível,
se guardava bem guardado,
com cuidado,
num armário, alto, fechado,
impossível.

Era aquilo, uma coisa de respeito.
Não pra ser comido
assim, sem mais nem menos.
Destinava-se às visitas da noite,
certas ou imprevistas.
Detestadas da meninada.

Criança, no meu tempo de criança,
não valia mesmo nada.
A gente grande da casa
usava e abusava
de pretensos direitos
de educação.

Por dá-cá-aquela-palha,
ralhos e beliscão.
Palmatória e chineladas
não faltavam.
Quando não,
sentada no canto de castigo
fazendo trancinhas,
amarrando abrolhos.
"Tomando propósito".
Expressão muito corrente e pedagógica.

Aquela gente antiga,
passadiça, era assim:
severa, ralhadeira.

Não poupava as crianças.
Mas, as visitas...
- Valha-me Deus !...
As visitas...
Como eram queridas,
recebidas, estimadas,
conceituadas, agradadas !

Era gente superenjoada.
Solene, empertigada.
De velhas conversas
que davam sono.
Antiguidades...

Até os nomes, que não se percam:
D. Aninha com Seu Quinquim.
D. Milécia, sempre às voltas
com receitas de bolo, assuntos
de licores e pudins.
D. Benedita com sua filha Lili.
D. Benedita - alta, magrinha.
Lili - baixota, gordinha.
Puxava de uma perna e fazia crochê.
E, diziam dela línguas viperinas:
"- Lili é a bengala de D. Benedita".
Mestre Quina, D. Luisalves,
Saninha de Bili, Sá Mônica.
Gente do Cônego, Padre Pio.

D. Joaquina Amâncio...
Dessa então me lembro bem.
Era amiga do peito de minha bisavó.
Aparecia em nossa casa
quando o relógio dos frades
tinha já marcado 9 horas
e a corneta do quartel, tocado silêncio.
E só se ia quando o galo cantava.

O pessoal da casa,
como era de bom-tom,
se revezava fazendo sala.
Rendidos de sono, davam o fora.
No fim, só ficava mesmo, firme,
minha bisavó.

D. Joaquina era uma velha
grossa, rombuda, aparatosa.
Esquisita.
Demorona.
Cega de um olho.
Gostava de flores e de vestido novo.
Tinha seu dinheiro de contado.
Grossas contas de ouro
no pescoço.

Anéis pelos dedos.
Bichas nas orelhas.
Pitava na palha.
Cheirava rapé.
E era de Paracatu.
O sobrinho que a acompanhava,
enquanto a tia conversava
contando "causos" infindáveis,
dormia estirado
no banco da varanda.
Eu fazia força de ficar acordada
esperando a descida certa
do bolo
encerrado no armário alto.
E quando este aparecia,
vencida pelo sono já dormia.
E sonhava com o imenso armário
cheio de grandes bolos
ao meu alcance.

De manhã cedo
quando acordava,
estremunhada,
com a boca amarga,
- ai de mim -
via com tristeza,
sobre a mesa:
xícaras sujas de café,
pontas queimadas de cigarro.
O prato vazio, onde esteve o bolo,
e um cheiro enjoado de rapé.

Cora Coralina
Orquidea

Fefa Rodrigues disse...

Acho que oq eu mais gosto nos textos dela é essa visão da vida de outrora... parece q qd leio um poema dela é minha avó falando... é a vida edla, apesar de eu não saber muito da infancia das minhas avós, eu imagino que devem ter sido assim...

Realmente, antes a severidade era demais, hj, de menos, não tenho filhos mas ma assuto qd vejo uma colgea de trabalhao falando qa filha dela não a deixa usar um perfume, ou não usa as roupas em conjunto com ela...

Anônimo disse...

oi fefa!!
Adquiri 2 livros da Cora. não tinha nada dela. Por 10 reais cada na estante virtual.
Amo dar atenção aos velhinhos, acho suas estórias incríveis. meus vovôs faleceram, mas, minha mãe com 87 anos tem muita coisa incrível p/ contar, amo ouvir.
Foi criada na fazenda de sua avó. Vida de fazenda, já viu maravilha!! leite da vaca.
Seu pai foi assassinado e sua mãe faleceu qdo pequena.
Mas, com sua avó na fazenda, muitos animais, ao ar livre, montava cavalo, subia em árvore. A rotina de fazenda com aquelas comidas todas para os trabalhadores, e tinha tb remanescentes dos escravos. Um rio limpíssimo.
Recentemente meu irmão levou ela lá, muita emoção p/ ela, e triste tb, pois o rio sujo e muitas casas, enfim tudo muito mudado... A fazenda não era mais de sua avó, virou uma cidade.
bj
orquidea

Fefa Rodrigues disse...

Orquidea, eu tbm gostod e ouvir as histórias da minha avó... a casa dela, apesar de ser bem no centro da cidade, é super antiga e muito grande, tem um porntão bem alto na frente e de fora vc não ve nada de la de dentro, então, quando a gente entra, parece que ta voltando no tempo, td lá é antigo hehehe e até o café ela coa em coador de pano!!!!

Planta os temperinhos no enorme quintal, planta suas florzinhas no jardim...

EU gosto dessa ideia de vida na fazenda, mas de antigamente... deve ser dificil mesmo para as pessoas mais velhas ver as cosias como são hj em dia...

Samuel Medina (Nerito Samedi) disse...

Oi Fefa!

Conheço a Cora de nome, mas li tão pouca coisa dela!

Costumo ler pouca coisa de poesia. Acho que preciso ler mais, pra me sensibilizar... rs

Valeu pela dica. Poema lindo!

Anônimo disse...

Oi,
obrigada por compartilhar sobre a casa de sua avó e tudo mais adorei!!
Fefa já fiz o procedimento na vista, foi laser na iris, incomodou, mas hoje ta tudo joia.
bj
Orquidea

Fefa Rodrigues disse...

QUe bom q está td bem com seus olos Orquidea!!! ;o)