quinta-feira, 2 de maio de 2013

O Palácio de Inverno – John Boyne





“Eu nunca tinha lido um livro na vida, mas eles me chamavam, sussurrando em suas encadernações uniformes, e eu ia e um a outro, examinando as páginas de rosto, lendo os parágrafos iniciais como conseguia, pondo os volumes já folheados na mesa atrás de mim, sem nem pensar.”


Algumas vezes acontece de ao ler um livro, eu gostar da história, mas não gostar da forma como ela  escrita ou da linguagem utilizada pelo autor, noutras, eu gosto da forma de narrativa usada pelo autor, mas sinto que a história deixa a desejar, raras são as vezes que eu não gosto de nada em um livro, menos raras são as vezes que gosto de tudo na obra, que não tenho nenhuma crítica a fazer, por terem uma história ótima e serem muito bem escritos, e é o que aconteceu com esse livro.

Amigos, o livro é maravilhoso! Conta a história de Georgui, um menino russo que vive em uma vila miserável no interior da grande Rússia, passando frio e fome, mas que, apesar de todas as privações  que passa com sua família, em momento algum questiona o direito divido do czar, o ungido de Deus.

Certo dia, a aldeia toda se reúne para ver exército passar por ali a caminho do front e, durante o desfile das tropas, ao tentar evitar que seu melhor amigo cometa uma loucura, Georgui acaba por salvar a vida do conde Nicolau, comandante do exército e primo do czar Nicolau II. Em gratidão, o conde manda o menino para fazer parte do corpo de guarda-costas da família imperial no Palácio de Inverno em São Petersburgo, e então sua vida muda completamente, já que, por ter demonstrado tamanha coragem e lealdade à família do czar, ele recebe como missão ser o protetor do herdeiro do trono, Alexey.

No no segundo capítulo a história muda de foco e Georgui já na casa dos 90 anos, vivendo em Londres com sua esposa Zóia que está doente em fase terminal, quem ele demonstra um amor incondicional e uma preocupação enorme com seu bem-estar.

A partir dai duas narrativas tem sequência, capítulo à capítulo, de um lado progredindo no tempo, de outro lado regredindo, até que as duas pontas da história de Georgui e Zoia se encontram num ponto comum que é a Revolução Russa.

Dessa forma a história flui de uma maneira deliciosa, de um jeito que a gente não consegue parar de ler, além da linguagem ser ótima. Outro ponto que eu gostei é aquele toque que eu adoro nos romances históricos, que é descrever o cotidiano dos personagens detalhando a forma como se vivia no período histórico em que a trama se passa, apresentando mais sobre a cultura daquele povo e período.

O autor faz isso muito bem, de uma forma natural, sem saturar a história. Assim, enquanto acompanhamos Georgui jovem vivendo no Palácio de Inverno, podemos sentir a crescente tensão entre o povo e o czar,  o descontentamento com relação aos rumos tomados pela Rússia durante a I Guerra e principalmente contra a influencia que Rasputin tem sobre a czarina. O povo está faminto e com frio, enquanto seus filhos morrem numa guerra travada contra o próprio primo do czar, o kaiser da Alemanha, Guilherme II, fatores que alimentaram a Revolução Russa.

Já, com Georgui mais velho e vivendo em Londres, o autor nos mostra como foi difícil a vida dos estrangeiros que viviam ali durante a II Guerra, e como era o dia a dia com as ameaças de bombardeio e a ansiedade sempre que as sirenes de alerta tocavam a cada noite, além das cicatrizes quer restaram no povo londrino após a guerra.

Nesse livro, o autor conseguiu transformar uma história que poderia ser mais um grande clichê em uma história belíssima, que fala sobre o amor verdadeiro, aquele que vai muito além do “e viveram felizes para sempre”,  amor que não se alimenta da perfeição dos contos de fada, mas que sobrevive ao cotidiano e às dores da vida.

Recomendo completamente!!!!

Beijos...
Fefa Rodrigues

6 comentários:

Dora Delano disse...

como foram as férias?

Fernanda Cristina Vinhas Reis disse...

Oi Fefa!

Já estava com saudades dos seus posts! Outro dia vi esse livro num outro blog, e só pelo nome me chamou a atenção. Agora que eu li a sua resenha, eu preciso ler!

Como vai a vida? Mais tranquila?

Beijos!

Leticia Golz disse...

Nossa essa parece uma daquelas histórias que até arrepiam agente quando lê né.

espero um dia ler, vou anotar na minha agenda. Adora histórias assim.
Valeu a indicação.

beijos
livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br

LuRussa disse...

Fefa, só agora vi sua mensagem

vc pode ir até a escola de inglês buscar o livro ? sabe onde fica ?
quando vc pode buscar ?

bjos

Gabi Castro disse...

Nossa! Este foi melhor livro deste autor! Tudo bem, sou suspeita para elogiar tudo o que envolve a Rússia, principalmente a Rússia czarista. Faria história só para me especializar em história russa... Livro muito bom, esta ideia de alterar passado e futuro até se encontrarem foi incrível! Entretanto, em um ponto, me decepcionei bastante... Aquela fuga foi bem forçada =/

Beijas, Fe!

Gabi

Leticia Golz disse...

Olha e vim aqui pra te dizer que tem uma Tag para voce responder lá no meu blog, espero que não se importe..

Beijos
livrosvamosdevoralos.blogspot.com.br