quarta-feira, 24 de julho de 2019

Pablo Neruda

Pablo Neruda é, para mim, o melhor de todos os poetas e dentre seus sonetos maravilhosos, o Soneto XVII que integra o livro Cem Sonetos de Amor é o melhor. Para quem gosta de poesia e especialmente deste poeta (e para quem ainda não o conhece bem) há um filme chamado O Carteiro e o Poeta que vale muito a pena ser visto e para quem ainda não conhece essa coisa mais linda do mundo que é o Soneto XVII, aí esta:



Soneto XVII

Não te amo como se fosses rosa de sal, topázio
ou flecha de cravos que propagam o fogo:
te amo como se amam certas coisas obscuras,
secretamente, entre a sombra e a alma.

Te amo como a planta que não floresce e leva
dentro de si, oculta, a luz daquelas flores,
e graças a teu amor vive escuro em meu corpo
o apertado aroma que ascendeu da terra.

Te amo sem saber como, nem quando, nem onde,
te amo diretamente, sem problemas nem orgulho:
assim te amo porque não sei amar de outra maneira,

senão assim deste modo em que não sou nem tu és
tão perto que tua mãe sobre meu peito é minha
tão perto que se fecham teus olhos com meu sonho.




Tradução de Carlos Nejar
L&PM Editores








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