quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Um Cântico para Leibowitz - Walter M. Miller

- Fiat Homo, Fiat Lux, Fiat Voluntas Tua -

Ontem eu estava fazendo uma lista de livros que já li, mas que ainda não tinha comentado por aqui e me surpreendi comigo mesma por ainda não ter falado sobre essa obra!! Eu gostei muito desse livro que encontrei escondidinho em um canto do sebo da cidade, peguei emprestado, li e, para meu arrependimento eterno, devolvi sem comprar. Tudo bem que naquela época R$ 1,00 que fosse me fazia a maior falta, mas devia ter dado um jeito, já que eu nunca mais encontrei um exemplar dele para comprar!!

O livro se divide em três partes – Fiat Homo, Fiat Lux e Fiat Voluntas Tua – e a história começa em no mosteiro de São Leibowitz, situado no que restou dos Estados Unidos após um apocalipse nuclear que devastou o mundo e trouxe uma Nova Idade das Trevas, na qual todo tipo de conhecimento é considerado mal e tudo que remete a conhecimento científico foi destruído, já que se considerava que foi o conhecimento, a ciência, a responsável pela destruição da civilização no planeta.

Mas, no mosteiro, as coisas são diferentes, da mesma forma que aconteceu na alta Idade Média, os monges se dedicam a copiar os poucos livros que restaram e que guardam o conhecimento de uma época há muito esquecida. Com isso, eles tentam preservar o que restou da civilização e tentam fazer ressurgir os clássicos da literatura e os demais livros que o mundo havia conhecido antes de seu fim, além de copiarem todo e qualquer outro  documento e traço de civilização que encontram.

Neste mundo, bem parecido com um daqueles filmes que contam histórias pós-fim-do-mundo, tribos nômades vagam pelas estradas destruindo tudo que tenha qualquer relação com ciência ou conhecimento e se mantendo orgulhosamente ignorantes sobre tudo, vivendo como na Idade da Pedra. Além disso, a radiação está sempre presente em todas as coisas, corroendo o que restou, o que é mais um perigo a se enfrentar.

A primeira parte da história, Fiat Homo, se concentra em um personagem, o irmão Francis, um monge dotado de pouca inteligência, mas que tem a sorte de encontrar, próximo ao mosteiro, uma gruta cheia de documentos antigos, alguns deles falando sobre Leibowitz e um esqueleto, o que faz com que ele seja aceito no mosteiro e depois encarregado de uma importante missão, que, para ele, acaba de forma trágica. No fim desta primeira parte, após anos de anarquia, ressurge uma estrutura nacional organizada, uma cidade-estado.

A segunda parte da história, Fiat Lux, acontece muitos séculos depois da história do irmão Francis, quando muitas nações se organizaram e agora lutam pela supremacia mundial e para destruir as tribos nômades incivilizadas. O conhecimento ressurgiu e, como na renascença, o aparecimento de pessoas de mentes privilegiadas faz com que a tecnologia se desenvolva novamente. No mosteiro de Leibowitz os monges continuam fazendo as cópias dos textos antigos, mas começam a pensar que talvez aqueles textos não sejam apenas mitos e, a partir desse entendimento, de que em épocas remotas havia tecnologia, um dos monges acaba por descobrir a energia elétrica. A segunda parte acaba em uma época conturbada politicamente, instável, e com a possibilidade de uma grande guerra entre as nações em busca pela supremacia.

A última parte do livro, Fiat Voluntas Tua, acontece após algumas dezenas de anos, quando o mundo já se tornou novamente dominado pela tecnologia. As nações estão cada vez mais opostas entre si e o mosteiro agora é desprezado como uma instituição anacrônica e desnecessária. Armas nucleares foram novamente criadas e a possibilidade de uma nova destruição da civilização está no ar. Mas, desta vez, o Mosteiro de Leibowitz se preparou para a ameaça à vida... eles tem um plano que irão colocar em prática!

Não vou entrar em detalhes sobre o fim do livro porque eu realmente recomendo a leitura. A história, um tanto pessimista, reflete a idéia de que, se o ser humano tivesse a chance de recomeçar do zero, faria tudo do mesmo jeito novamente, assim sendo, é um ótimo livro, daqueles que fazem a gente pensar, super original, de verdade, ainda não li nada parecido, apesar dos filmes pós-fim-do-mundo serem um clichê.

Um livro que você simplesmente não consegue parar de ler e, veja bem, que eu já li há mais de 10 anos e nunca me esqueci da história e de vários detalhes, que apenas não vou ficar repetindo aqui para não estragar a surpresa.

Então, se você estiver visitando uma livraria ou um sebo por ai, e encontrar esse livro, compre!! E se o encontrar em uma loja virtual, me dê um toque, que é uma das obras que eu quero na minha biblioteca!!!

Beijos e boa leitura...
Fefa Rodrigues

5 comentários:

Samuel Medina (Nerito Samedi) disse...

Ei Fefa! To aqui de volta!

Enquanto lia sua resenha, fiquei lembrando de quando era bem jovem, novinho mesmo. Foi uma época em que os filmes Mad Max faziam um verdadeiro sucesso aqui no Brasil. Cheguei a ver o terceiro no cinema... (devia ser proibido...)

A febre do pós-apocalipse gerou uma infinitude de filmes similares, bem trash... rsrsrs...

Mas como eu já curtia escrever na época, eu também queria produzir histórias nesse contexto. Nunca consegui, porém.

Sobre essa visão pessimista e sobre essa relação entre conhecimento e barbárie, destruição, etc, fico lembrando do livro Fahrenheit 451. Tipo, é da estupidez humana a autodestruição, mas é papel dos sábios acreditar na reconstrução. rsrsrs

Abração e valeu pela dica!

Fefa Rodrigues disse...

Nerito... que bom que vc voltou!! Como foi de férias???

Bom, eu não cheguei a assistir Mad Max, mas fiz a louvcura de ver um filme do stephen king que tinha umas 6 horas de duração... Dança da Morte, já viu? Tbm é sobre a vida após o fim!!!

Um que eu gostei, mas acho que foi por questões de fé (hehehehe) foi O Livro de Eli...

Estou esperando sua resenha de A Sombra do Vento, viu!!!

Vitor disse...

Fefa, o livro não é grande (comparado com A Tormenta de Espadas) tem "só" 426 páginas, rs.

Estou devorando as últimas 200 páginas, quero saber o que acontece com os personagens, o mistério aumenta a cada página, mas não vou falar mais, se não conto o livro. Não vejo as hora de acabar e começar O Festim de Corvos, mas só em abril, :(

Abraços,
Vitor Vieira

Vitor disse...

Fefa, eu errei em falar que O Festim de Corvos sai em abril, ele sai em Fevereiro; em abril sai a segunda temporada de Game of Thrones.
Abraços, Vitor Vieira

Samuel Medina (Nerito Samedi) disse...

Ei Fefa.

Férias! Ainda tenho mais uma semana. Já viajei, já li pra caramba... rsrsrs... mas ainda não comecei "Tormenta de Espadas". Estou protelando... já que quando eu começar, não vou fazer mais nada da vida! rsrsrsrs...

Ah, deixei lá a resenha pedida sobre "A Sombra do Vento". E lembra que você perguntou sobre um livro do Mia Couto? Pois deixei uma resenha lá sobre "Terra Sonâmbula".

Abraços!